A cada reinício de qualquer coisa, uma nova lembrança. Um novo ano lectivo está aí à porta e é inevitável que faça balanços. Há um ano, por esta altura, a minha avó ainda estava viva e nada fazia supôr o final. Há um ano, o meu avô era o homem austero de sempre, e não havia menção de vir a ser a pessoa frágil e carente em que se tornou. Há um ano estávamos nós, felizes, em processo de redescoberta, três anos depois de uma tentativa falhada. E desta vez estávamos todos, eu, tu e a depressão em que te encontravas mas que eu não sabia existir. Há um ano eu era mais esperança do que pessoa, sem ver o que já estava a descoberto há muito, disposta a abdicar do que fosse porque "agora é que é mesmo a sério". Mas não foi. Desististe a meio, como sempre. Pus-me nas tuas mãos e deixaste-me cair. De novo. Por medo, por "e se...". E mais uma vez fiquei com o barco e com os remos, incapaz de os utilizar para ir para a frente, enquanto tu te afastavas. Imóvel de ternura, de senti...