Passaram meses sem me dizerem nada, supostamente éramos amigas, mas não sabiam se estava de saúde ou se já tinha cortado meio pulso por estar em casa sem fazer nada ou se andava atarefada com algum novo emprego. Não sabiam, nem queriam saber. Agora alguém lhes disse que entrei no Mestrado, num daqueles "difíceis" e numa Universidade cobiçada...lembraram-se logo do meu número de telemóvel e da minha existência, já querem marcar cafézinhos e tudo. AZZZAAAAR! Temos pena! Não respondo aos e-mails, não atendo os telefonemas e mal leio as mensagens. Amor com amor se paga, e o que tenho a festejar, faço-o com quem esteve comigo nos momentos menos bons. Que esperem sentadinhas a roer-se de curiosidade. Vão ser cuscas lá fora! (e isto é para não lhes chamar alcoviteiras!)
Hoje numa sessão de Terapia da Fala vi um menino de nove anos em sofrimento. Tem muitas dificuldades e é posto de parte pelos colegas na escola, batem-lhe, tratam-no mal...Contou-me que sabe que é diferente, que na turma dele há outra menina, que também é diferente, e que os outros gozam com ela, mas ele não, porque também tem problemas e sabe o que é não ter ninguém que nos apoie. Disse-me assim. Acrescentou que de manhã acordou tão feliz porque ia estar com o primo ao fim da tarde...e que depois na escola lhe bateram, não pôde fazer a aula de educação física e ficou lá num canto...que o dia foi uma tragédia. "Preciso de esvaziar o cérebro, não consigo parar de pensar nisto!". Tentei acalmá-lo, animá-lo, traçar um plano com ele, dizer-lhe como agir se uma situação semelhante voltar a acontecer. No fim, dei-lhe um abraço e ofereci-lhe uma caneta colorida e ele disse-me "Obrigada...pela caneta...por tudo. Acho que a minha vida é injusta. Obrigada por me ouvires." ...
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