Saí um bocado para apanhar ar, fui a pé com o meu pai até à festa cá da terra, e encontrei a metade da família que só costumo ver uma vez por ano. Pois, com esta já vão ser duas. Ora bolas, o dobro do tempo perdido. É incrível como pessoas que não sabem nada de mim, têm sempre uma opinião pronta acerca da minha situação de desemprego/emprego. "Ai, eu se fosse a ti fazia isto! Ou fazia aquilo! Olha, não sei quem fez assim! Ah, tens de ir, nem que seja pro fim do mundo à direita, o que importa é começar! Nem que não te paguem no início!" Eh pá, eu também estou interessada em trabalhar, a mais interessada talvez, ou será que ainda não perceberam? E sendo que eu não pedi opinião a ninguém...já se calavam e tratavam da vidinha deles, não?
Hoje numa sessão de Terapia da Fala vi um menino de nove anos em sofrimento. Tem muitas dificuldades e é posto de parte pelos colegas na escola, batem-lhe, tratam-no mal...Contou-me que sabe que é diferente, que na turma dele há outra menina, que também é diferente, e que os outros gozam com ela, mas ele não, porque também tem problemas e sabe o que é não ter ninguém que nos apoie. Disse-me assim. Acrescentou que de manhã acordou tão feliz porque ia estar com o primo ao fim da tarde...e que depois na escola lhe bateram, não pôde fazer a aula de educação física e ficou lá num canto...que o dia foi uma tragédia. "Preciso de esvaziar o cérebro, não consigo parar de pensar nisto!". Tentei acalmá-lo, animá-lo, traçar um plano com ele, dizer-lhe como agir se uma situação semelhante voltar a acontecer. No fim, dei-lhe um abraço e ofereci-lhe uma caneta colorida e ele disse-me "Obrigada...pela caneta...por tudo. Acho que a minha vida é injusta. Obrigada por me ouvires." ...
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Um beijinho