Amanhã entro na 3ª semana de estágio e ainda só fiz meia avaliação (a criança não esteve para me aturar mais...) e um poster (os registos de sessão já fazem parte do meu DNA, já não contam). Agora já percebo porquê que as minhas colegas tinham tempo para dormir, eu é que andava mal habituada :p. Mas parece-me que, em breve, vai chegar o dia em que me vou arrepender amargamente destas palavras...é que a partir da próxima semana vou fazer um horário completo, que é o dobro do que estou a fazer agora, e entretanto vão chegar mais duas crianças para estarem em atendimento comigo, e vai recomeçar a dança dos planos de intervenção e de preparar sessões e fazer material e tudo e tudo. A parte boa é que esta semana há um feriadinho (viva a eles!) e que já faltam menos de dois meses para isto tudo terminar.:)
Hoje numa sessão de Terapia da Fala vi um menino de nove anos em sofrimento. Tem muitas dificuldades e é posto de parte pelos colegas na escola, batem-lhe, tratam-no mal...Contou-me que sabe que é diferente, que na turma dele há outra menina, que também é diferente, e que os outros gozam com ela, mas ele não, porque também tem problemas e sabe o que é não ter ninguém que nos apoie. Disse-me assim. Acrescentou que de manhã acordou tão feliz porque ia estar com o primo ao fim da tarde...e que depois na escola lhe bateram, não pôde fazer a aula de educação física e ficou lá num canto...que o dia foi uma tragédia. "Preciso de esvaziar o cérebro, não consigo parar de pensar nisto!". Tentei acalmá-lo, animá-lo, traçar um plano com ele, dizer-lhe como agir se uma situação semelhante voltar a acontecer. No fim, dei-lhe um abraço e ofereci-lhe uma caneta colorida e ele disse-me "Obrigada...pela caneta...por tudo. Acho que a minha vida é injusta. Obrigada por me ouvires." ...
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