Esta semana foi um turbilhão. Doentes novos, "situações" que não lembram a ninguém lá na clínica (devo dizer que os pais dos miúdos têm uma imaginação que vai lá vai...e dar banho aos rebentos também não era mau...), exame do mestrado e início de novo módulo. Não tenho andado muito por cá, mas tenho a sensação de dever cumprido, acho que consegui fazer tudo satisfatoriamente. Hoje também tive tempo para visitar uma amiga e o meu avô e, como estava inspirada, quando cheguei a casa ainda construí material para as sessões. Sou um bocado viciada no trabalho, acho eu...ou então é por ser ansiosa que não consigo desligar. Ando cansada, mas sinto-me muito bem. Não sei o que me reserva o futuro, até pode não ser grande coisa...de qualquer maneira, tem valido a pena, parece-me que daqui a uns tempos, quando olhar para trás, vou ter a impressão de que estes foram dos tempos mais felizes da minha vida. :)
Hoje numa sessão de Terapia da Fala vi um menino de nove anos em sofrimento. Tem muitas dificuldades e é posto de parte pelos colegas na escola, batem-lhe, tratam-no mal...Contou-me que sabe que é diferente, que na turma dele há outra menina, que também é diferente, e que os outros gozam com ela, mas ele não, porque também tem problemas e sabe o que é não ter ninguém que nos apoie. Disse-me assim. Acrescentou que de manhã acordou tão feliz porque ia estar com o primo ao fim da tarde...e que depois na escola lhe bateram, não pôde fazer a aula de educação física e ficou lá num canto...que o dia foi uma tragédia. "Preciso de esvaziar o cérebro, não consigo parar de pensar nisto!". Tentei acalmá-lo, animá-lo, traçar um plano com ele, dizer-lhe como agir se uma situação semelhante voltar a acontecer. No fim, dei-lhe um abraço e ofereci-lhe uma caneta colorida e ele disse-me "Obrigada...pela caneta...por tudo. Acho que a minha vida é injusta. Obrigada por me ouvires." ...
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