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M.

Já sabia que estava doente, que andava a fazer quimio e radioterapia, mas sempre pensei que ia vencer. A última vez que estive com ela foi na semana anterior ao Natal.  Foi lá à clínica com a menina e levou-me uma caixinha de chocolates. Eu disse que não era preciso e ela disse "É preciso sim, não é nada comparado com o que faz pela minha filha, merece isto e merecia muito mais!" Vieram-me as lágrimas aos olhos quando a ouvi, e vieram-me as lágrimas aos olhos hoje, quando me disseram que tinha morrido este fim de semana. Não é justo, custa-me a aceitar que coisas tão más aconteçam a pessoas tão boas. Tinha 40 anos e um amor imenso pelas três filhas. A mais pequenina continua a ter terapia comigo. Não me sai do pensamento.
 

Comentários

Portuguesinha disse…
Fiquei confusa na interpretação... Morreu a mãe que estava doente com cancro mas a oferenda foi por ajudar a filha... no quê?

Sobre a morte acho que os «antigos» lá conseguiam compreender um pouco melhor os propósitos de tal desfecho dizendo «são os desígnios de Deus». Afinal, porque alguém fica gravemente doente? Porque temos de sofrer tanto? E morrer jovens? Bebés?

Acredito que existe um propósito para o sofrimento. Ainda que o desconheçamos - e existe tanto sofrimento que quase nos retira a fé! A crueldade é humana, não é divina. Talvez alguns sofram fome, miséria e doenças que levam à morte precoce para que a outra metade da humanidade reaja. Combata a fome, desenvolva o amor ao próximo, a empatia e não a apatia, aprenda a corrigir um qualquer defeito seu. Sei lá. São teorias minhas...

Quanto ao que sentes é perfeitamente natural. Mal seria se não te sentisses emotiva.

PS: Primeira visita, desculpa lá o grande texto!
D. disse…
Portuguesinha, a mãe estava com cancro, ofereceu-me os chocolates porque sou terapeuta da menina há bastante tempo, tenho acompanhado a família em algumas fases complicadas e foi uma forma de ela me dar um miminho.

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Esta coisa da gestão das relações humanas e dos mal entendidos deixa-me exauridinha.    

Adeus Amor Adeus ou a Poesia

Eu quero remar, Eu quero remar mas já desististe De tanto chorar, de tanto chorar E eu não sou de largar, não sou de largar Até o teu sorriso ficou triste Mas já não te prendo Adeus, amor adeus Não queres ficar E eu aceno e finjo que entendo Que no teu barco falte eu Até um dia, amor adeus Até ao dia em que nos teus braços falte eu Até ao dia em que nos teus braços falte eu Amor, adeus Até um dia Amor, adeus E o grito seja mudo Eu quero pedir mas tu já não mudas E o que há de bonito no mundo Não seja nada sem mim Eu quero pedir Nem sei existir De tanto te ouvir De tanto te ouvir Calaram-se as vozes E eu nem sei existir Adeus, amor adeus Sem ser nos teus passos Tu queres sair E a mentir digo que ultrapasso Até um dia, amor adeus Amor, adeus Até ao dia em que nos teus braços falte eu Que no teu barco falte eu Amor, adeus Até um dia Até ao dia em que nos teus braços falte eu Até ao dia em que nos teus braços falte eu E o grito seja mudo E o que há de