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Não sou a favor da praxe. Nunca fui. Nem quando andava no secundário e via na Praça dos Leões os caloiros todos de joelhos no chão, nem enquanto estudante universitária, nem agora à distância.
Quando soube que tinha sido colocada no Porto, aqui ao pé de casa fiquei mesmo contente mas adiei a matricula porque já sabia que quando lá fosse ia ter de os aturar e não me apetecia mesmo. No penúltimo dia lá tive de ir...e estavam de facto à porta de uma sala por onde tinhamos de passar. Na altura, meia atordoada pela confusão e sem saber muito bem o que esperar, lá dei o meu nome, deram-me um número de caloira e foram bastante simpáticos, dentro do género "somos-mesmo-bons-e-tu-querias-era-ser-como-nós". Quando saí dali sabia que não ía ser praxada. Ao primeiro dia não escapei, fizeram-nos uma espécie de guarda de honra e lá fomos todos fazer flexões e jogos que as crianças fazem no jardim de infância. Nada de especial mas também nada de dignificante para pessoas maiores de idade e já com alguma noção do ridículo.  A partir desse dia nunca mais pus os pés na praxe. Só uma única vez vieram ter comigo à sala informar-me assim um bocado bruscamente que tinha de me declarar anti-praxe. "Não declaro nada. Não te conheço de lado nenhum e nunca te pedi nada, pois não? Não tenciono sequer comprar traje, nunca gostei de usar farda." Fui embora e nunca mais tive qualquer problema. O mesmo não se passou com outras três colegas, que basicamente passavam os intervalos metidas na casa de banho para que nenhum "doutor" as visse. Vi muita coisa. E verdade seja dita que também vi muitos colegas a adorarem aquele ambiente...mesmo quando estavam a ser menos bem tratados. Enfim, cada um é para o que nasce e aceita o que acha que merece. Não podem é dizer que só vai para a praxe quem quer, porque muitas pessoas não querem mas vão na mesma porque a pressão é grande.
Faz-me muita confusão quando dizem que se estão a educar pessoas para a vida, a criar laços, espirito de grupo...blá blá blá...toda uma seriedade, e depois a vida são copos e palavrões a torto e a direito. Mas então não foram os meus pais que me educaram? Não mereço eu estar na faculdade depois de tanto esforço que fiz? Como vivi durante duas décadas sem me terem ensinado a "socializar"? E que direito têm aquelas pessoas de me mandarem fazer seja o que for? Alguns - sublinho ALGUNS - a repetir as mesmas cadeiras uma, duas, três vezes...doutores medíocres...Portugal é um país de doutores.
Não quero generalizar, haverá certamente alunos com ótimas experiências a este nível e que foram praxadas de uma forma divertida e que não punha em causa o respeito pelas pessoas...ainda assim, tenho muitas reticências a esta "tradição".

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Esta coisa da gestão das relações humanas e dos mal entendidos deixa-me exauridinha.    

Adeus Amor Adeus ou a Poesia

Eu quero remar, Eu quero remar mas já desististe De tanto chorar, de tanto chorar E eu não sou de largar, não sou de largar Até o teu sorriso ficou triste Mas já não te prendo Adeus, amor adeus Não queres ficar E eu aceno e finjo que entendo Que no teu barco falte eu Até um dia, amor adeus Até ao dia em que nos teus braços falte eu Até ao dia em que nos teus braços falte eu Amor, adeus Até um dia Amor, adeus E o grito seja mudo Eu quero pedir mas tu já não mudas E o que há de bonito no mundo Não seja nada sem mim Eu quero pedir Nem sei existir De tanto te ouvir De tanto te ouvir Calaram-se as vozes E eu nem sei existir Adeus, amor adeus Sem ser nos teus passos Tu queres sair E a mentir digo que ultrapasso Até um dia, amor adeus Amor, adeus Até ao dia em que nos teus braços falte eu Que no teu barco falte eu Amor, adeus Até um dia Até ao dia em que nos teus braços falte eu Até ao dia em que nos teus braços falte eu E o grito seja mudo E o que há de