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É mesmo isto

O momento em que desistimos de nos enganar, o momento em que o medo vence a curiosidade e desistimos do enlevo, do doce, irrepetível entusiasmo de aprender - prender - cada alguém; o momento em que dizemos "não vale a pena", "é sempre o mesmo"; o momento em que decretamos o fim da aventura e nos seguramos ao seguro, ao silêncio; o momento em que nos ensimesmamos (que verbo este) e corremos todos os ferrolhos e ligamos o alarme - não vá alguém entrar, passar as barbacãs e os fossos, galgar a última muralha - nesse momento estamos mortos. Não há outra forma de viver senão aceitando a norma que Philip Roth decreta em American Pastoral: "Erramos sobre as pessoas antes de as encontrarmos, enquanto antecipamos o encontro; erramos enquanto estamos com elas; e depois vamos para casa e contamos a alguém como foi o encontro, e erramos de novo."
(Excerto da crónica "Sermões Impossíveis - Errar outra vez" de Fernanda Câncio, revista JN.)

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De maio a julho...

Caramba, como o tempo passa! Já não vinha aqui há dois meses! Entretanto fui de férias, descansei, apanhei solinho, li três livros em 10 dias, comecei a comer de forma muito mais saudável e, curiosamente, já não tenho uma crise de enxaqueca há mais de duas semanas (o que é um acontecimento histórico para quem sofria horrores umas três vezes por semana!). Estou em época de tranquilidade, acho eu...a planear a viagem que vou oferecer aos meus pais no Natal - sim, eu sei que falta meio ano, mas tenho um orçamento a cumprir e quero que sejam quatro dias inesquecíveis! Organizar, organizar... No trabalho tem estado tudo calmo, de tal forma que até sinto que algo está errado e que a qualquer altura a bomba vai rebentar. Até lá, aguardemos. Uma das minhas melhores amigas vai batizar as filhas, outra vai casar, a minha prima foi mãe ontem...enfim, a vida vai acontecendo!
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